sexta-feira, 7 de julho de 2023

A Verdadeira Alegria


    Jesus ensina que neste mundo a verdadeira alegria está em viver o salvífico amor. E simplesmente não há como ser feliz de outro modo. Por isso, Ele pedia estável ânimo e perseverança, garantindo que, se não desistirmos, nossa alegria alcançará a plenitude: "Perseverai no Meu amor. Se guardardes Meus Mandamentos, sereis constantes no Meu amor, como também Eu guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto em Seu amor. Disse-vos essas coisas para que Minha alegria esteja em vós, e vossa alegria seja completa." Jo 15,9-11
    É uma sobrenatural alegria que só Deus pode infundir em nossos corações, como a Graça de ver Suas promessas sendo realizadas, especialmente aquela que se deu na manhã do Domingo da Ressurreição, quando Santa Maria Madalena e a outra Maria, esposa de Cléofas e mãe de São Tiago Menor e São Judas Tadeu, foram ao túmulo e encontraram-no vazio: "De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: 'Alegrem-se!'" Mt 28,9
    Foi a sensação que tiveram os Apóstolos quando Jesus lhes apareceu pela primeira vez, segundo a narrativa de São Lucas: "Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: 'A Paz esteja convosco!' Mas, por causa da alegria, ainda não podiam acreditar e permaneciam perplexos..." Lc 24,36.41
    Ele prometeu-a quando anunciou Sua Paixão, pois Sua Ressurreição iria imprimir tamanha felicidade em seus corações que jamais esqueceriam, e seria a arrebatadora força que os mobilizaria em pregações pelo mundo: "Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos tirará vossa alegria." Jo 16,22
    E como reação em testemunhar as demais realizações das promessas de Deus, a despeito dos excruciantes sofrimentos que teve, Nossa Senhora foi uma grande privilegiada. Quando foi avisada pelo anjo da indizível Graça de conceber o Messias, e em seguida o Espírito Santo pousou sobre ela, logo foi compartilhar essa incontível euforia com sua parenta Santa Isabel, também agraciada com uma extraordinária gravidez: "... meu espírito exulta de alegria em Deus, Meu Salvador..." Lc 1,47
    Aliás, São João Batista, que recebeu o Espírito Santo ainda no seio de sua mãe, como previsto pelo Arcanjo São Gabriel, fato que se deu através da poderosa voz da Santíssima Virgem, teve idêntica reação. Santa Isabel testemunhou: "Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu seio." Lc 1,44
    Tal emoção também viveriam os Santos Reis ao reverem a Estrela de Belém, após a infausta consulta com Herodes em Jerusalém: "Ao verem de novo a Estrela, os magos sentiram muito grande alegria." Mt 2,10
    Ou ainda o próprio São João Batista já adulto, ao tomar ciência do início da vida pública de Jesus. Ele comentou com seus seguidores: "Aquele que tem a esposa é o Esposo. O amigo do Esposo, porém, que está presente e O ouve, sobremodo regozija-se com a voz do Esposo. Nisso consiste minha alegria, que agora se completa." Jo 3,29
    O próprio Jesus, ao ver o sucesso da primeira missão dos Apóstolos, também foi tomado de um grande contentamento. E de imediato agradeceu ao Pai: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: 'Pai, Senhor do Céu e da terra, Eu dou-Te graças...'" Lc 10,21
    A entrada de Jesus em Jerusalém, ademais, foi um esplendoroso momento para quem percebeu que Ele é o Messias: "Quando já ia aproximando-se da descida do monte das Oliveiras, toda multidão dos discípulos, tomada de alegria, começou a louvar a Deus em altas vozes, por todas maravilhas que tinha visto. E dizia: 'Bendito o Rei que vem em Nome do Senhor! Paz no Céu e Glória no mais alto dos Céus!'" Lc 19,37-38
    O mesmo deu-se quando os Apóstolos presenciaram a Ascensão de Jesus aos Céus: "... voltaram para Jerusalém com grande júbilo." Lc 24,52
    E Neemias, séculos antes, já havia-a experimentado, quando exortou o povo de Jerusalém no dia do nascimento do judaísmo, ainda que em difíceis anos: "Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será vossa força." Ne 8,10b
    Da mesma forma Abraão, quase dois mil antes, foi tomado de um grande enlevo ao ser agraciado com a visão da Vinda do Redentor, como Jesus mesmo declarou: "Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver Meu Dia. Viu-o e ficou cheio de alegria." Jo 8,56
    Essa também é a alegria da chamada Visão Beatífica, da qual nos Céus usufruem os filhos de Deus ao ver Sua face. Ela é cantada num Salmo, e foi evocada por São Pedro para explicar a Glória da Ressurreição de Jesus: "Fizeste-me conhecer os Caminhos da Vida, e enchê-me-ás de alegria com a visão de Tua face (Sl 15,11)." At 2,28
    Essa é, aliás, uma das bem-aventuranças apontada por Jesus no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!" Mt 5,8
    São Paulo também suspirava por essa visão: "Dessa forma, no Dia de Cristo, sentirei alegria..." Fl 2,16
    Ou simplesmente acontece ao sentir a presença de Deus, como o salmista canta: "Os justos, porém, exultam e rejubilam-se em Sua presença, e transbordam de alegria." Sl 67,4


A GLÓRIA DE DEUS

    Antes de ser crucificado, pois, Jesus rezou ao Pai pedindo expressamente que motivasse os Apóstolos com toda exuberância de Seu amor: "Mas, agora, vou para junto de Ti. Dirijo-Te esta oração enquanto estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da Minha alegria." Jo 17,13
    Por isso, pregava a confiante prática da caridade, visando bens espirituais: "Mas quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas sê-te-á retribuído na Ressurreição dos justos." Lc 14,14
    E ao ensinar-lhes a humildade pelo Lava-Pés, assegurou-lhes: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: o servo não é maior que Seu Senhor, nem o enviado é maior que Aquele que o enviou. Se compreenderdes estas coisas sereis felizes, sob condição de praticá-las." Jo 13,16-17
    Esta é a Glória de Deus que a Igreja reflete, e que a mantém íntegra através dos séculos, pois Jesus pediu ao Pai na Oração da Unidade: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e amaste-os, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
    E assim embalados, os Apóstolos celebravam o Sacramento da Eucaristia: "Partiam o Pão nas casas, e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração..." At 2,46
    Para o mundo, porém, tal sacrifício é no máximo um paradoxo, embora a reação dos Onze ante a perseguição dos religiosos judeus demonstrasse a exata realidade do processo de Redenção da humanidade: "Chamaram os Apóstolos e mandaram açoitá-los. Ordenaram-lhes, então, que não pregassem mais em Nome de Jesus, e soltaram-nos. Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo Nome de Jesus." At 5,40-41
    São Paulo também aponta esse bem-estar interior, que vem em oposição ao que ocorre ao redor: "Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,10
    E diz o mesmo aos colossenses: "Agora, alegro-me nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,24
    Pois essa é a verdadeira sensação de ser Igreja: "Para que, em tudo confortados pelo Seu glorioso poder, tenhais a paciência de tudo suportar com longanimidade. Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez dignos de participar da herança dos Santos na Luz." Cl 1,11-12
    Pois só Deus concede a devida consolação nas maiores contrariedades da vida, como os seguidores da tradição de São Paulo escreveram aos judeus: "Lembrai-vos dos dias de outrora, logo que fostes iluminados. Quão longas e dolorosas lutas sustentastes. Seja tornando-vos alvo de toda espécie de opróbrios e humilhações, seja tomando moralmente parte nos sofrimentos daqueles que os tiveram de suportar. Não só compadeceste-vos dos encarcerados, mas com alegria aceitastes a confiscação de vossos bens, pela certeza de possuirdes muito melhores e imperecíveis riquezas." Hb 10,34
    São Pedro, enfim, adianta-se e flerta direto com os Céus: "Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma extraordinária coisa. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que possais alegrar-vos e exultar no Dia em que Sua Glória for manifestada." 1 Pd 4,12-13
    Pois o próprio Jesus ensinou: "Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e falsamente disserem todo mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque grande será vossa recompensa nos Céus, pois assim perseguiram os Profetas que vieram antes de vós." Mt 5,11-12
    Invocando a inviolabilidade da divina justiça, o Eclesiastes inspiradamente já afirmava: "Eu sei, no entanto, que a felicidade é para os que temem a Deus, que Sua presença enche de respeito, e que não haverá nenhuma felicidade para o ímpio, o qual, como a sombra, não prolongará sua vida, porque não tem temor a Deus." Ecl 8,12b-13
    O salmista também havia-o percebido: "Aleluia. Feliz o homem que teme o Senhor, e põe seu prazer em observar Seus Mandamentos." Sl 111,1
    Constatou, de fato, a grandeza e a eficácia de Sua Sabedoria: "O Senhor conhece os pensamentos dos homens, e sabe que são vãos. Feliz o homem a quem ensinais, Senhor, e instruís em Vossa Lei, para dar-lhe a Paz no dia do infortúnio..." Sl 93,11-13a
    Ele testemunha: "Digo a Deus: 'Sois Meu Senhor, fora de vós não há felicidade para mim. Por isso, meu coração alegra-se e minha alma exulta... Vós ensiná-me-eis o Caminho da Vida, há abundância de alegria junto a Vós, e eternas delícias à Vossa direita.'" Sl 15,2.9a.11
    Canta as primeiras sensações da Vida Eterna: "A felicidade e o amor hão de seguir-me por toda minha vida, e na Casa do Senhor habitarei pelos infinitos tempos." Sl 22,6
    Contraria poderosos e rejeita mundanas ilusões: "... com Vossa mão livrai-me dos homens, desses cuja única felicidade está nesta vida, que têm o ventre repleto de bens, cujos filhos vivem na abundância e a eles ainda deixam o que lhes sobra. Mas eu, confiado em Vossa justiça, contemplarei Vossa face. Ao despertar, saciar-me-ei com a visão de Vosso Ser." Sl 16,14-15
    Pedia cânticos: "Cantai à Glória de Deus, cantai um cântico ao Seu Nome, abri caminho para o que em Seu Carro avança pelo deserto. Senhor é Seu Nome, exultai em Sua presença. É o Pai dos órfãos e o Protetor das viúvas, esse Deus que habita num Santo Templo." Sl 67,5-6
    Sentia a indizível leveza do divino perdão: "Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argui de falta, e em cujo coração não há dolo." Sl 31,1-2
    Adverte os poderosos, enquanto assegura felicidade aos justos: "Agora, ó reis, compreendei isto! Instruí-vos, ó juízes da terra: servi ao Senhor com respeito e exultai em Sua presença. Prestai-Lhe homenagem com tremor, para que não se irrite e não pereçais quando, em breve, acender-se Sua cólera. Felizes, entretanto, todos que n'Ele confiam." Sl 2,10-11
    E expressamente diz: "Minha única alegria encontra-se no Senhor." Sl 103,34b
    Ora, essa é a satisfação de viver a religiosidade e ter amor à Igreja, como o próprio Deus disse nos Provérbios: "Feliz o homem que Me ouve, que vela todos dias à Minha porta e guarda os batentes de Minha Casa!" Pr 8,34
    Essa é a euforia do recém-convertido, como aconteceu com o eunuco ao ser batizado por Filipe, o diácono: "Mal saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe dos olhares do eunuco, que, cheio de alegria, continuou seu caminho." At 8,39
    É a alegria que se sente pela Salvação do próximo, como se viu no Concílio de Jerusalém ao ouvirem os relatos de São Paulo e São Barnabé: "Contaram a todos irmãos a conversão dos não judeus, o que a todos causou grande alegria." At 15,3
    Jesus mesmo afirmou o que acontece entre Deus, os Santos e os anjos: "Digo-vos que assim haverá maior júbilo no Céu por um só pecador, que fizer penitência, que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lc 15,7
    E nestes termos narrou a satisfação do pai, em conversa com o irmão mais velho, na parábola do filho pródigo: "Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu. Tinha-se perdido, e foi achado." Lc 15,32
    Ela é a consequência da esperança, segundo São Paulo: "O Deus da esperança encha-vos de toda alegria e de toda Paz em vossa , para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de esperança!" Rm 15,13
    É a alegria de pessoas pobres em fazer caridade, como ele testemunhou aos coríntios a respeito dos macedônios: "Em meio a tantas tribulações com que foram provadas, generosamente e com transbordante alegria distribuíram, apesar de sua extrema pobreza, os tesouros de sua liberalidade." 2 Cor 8,2
    É o que sentimos ao ver um gesto de fraterno amor, como ele disse a Filemon: "Tua caridade trouxe-me grande alegria e conforto, porque os corações dos santos encontraram alívio por teu intermédio, irmão." Fm 1,7
    É ver alguém tratando o próximo como irmão, como sugeriu que Filemon fizesse com seu escravo, Onésimo: "Portanto, se me tens por amigo, recebe-o como a mim. Sim, irmão, quisera eu de ti receber esta alegria no Senhor! Dá esta alegria ao meu coração, em Cristo!" Fm 1,17.20
    É o bem-estar que nos vem quando rezamos, como ele escreveu aos filipenses: "Em todas minhas orações, rezo sempre com alegria por todos vós..." Fl 1,4
    É viver a Unidade da Igreja: "... completai minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos." Fl 2,2
    É ver o próximo perseverando na fé: "Portanto, meus muito amados e saudosos irmãos, alegria e coroa minha, continuai assim firmes no Senhor, caríssimos." Fl 4,1
    É o afago da resignação: "Aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei viver na penúria, e também sei viver na abundância. Estou acostumado a todas vicissitudes: a ter fartura e a passar fome, a ter abundância e a padecer necessidade." Fl 4,11-12
    É enfrentar e vencer as tentações, segundo São Tiago Menor: "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma. Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da Vida que Deus prometeu aos que O amam." Tg 1,2-4.12
    É ver o errante ser humano no Caminho da Verdade, como São João Evangelista diz: "Não tenho maior alegria que ouvir dizer que meus filhos caminham na Verdade." 3 Jo 1,4
    É a razão do trabalho da Igreja, para que cheguemos à Comunhão: "... o que vimos e ouvimos nós anunciamo-vos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo. Escrevemo-vos estas coisas para que vossa alegria seja completa." 1 Jo 1,3-4
    Porque a verdadeira alegria, segundo São Paulo, é a perfeição da santidade: "Por fim, irmãos, vivei com alegria. Tendei à perfeição, animai-vos, tende um só coração, vivei em Paz, e Deus de amor e Paz estará convosco." 2 Cor 13,11
    É um dos frutos do Espírito Santo: "... o fruto do Espírito é caridade, alegria, Paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança." Gl 5,22-23
    É a alegria que só a presença do Espírito de Deus pode proporcionar: "E vós fizeste-vos imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a Palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo..." 1 Ts 1,6
    É a felicidade de obter uma revelação, como Jesus disse a São Pedro: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está nos Céus." Mt 16,17


CRISTO E A IGREJA

    A verdadeira alegria é a unção de Deus, aquela com que Ele ungiu Jesus, como viram nos Salmos os da tradição de São Paulo: "Por isso, ó Deus, Teu Deus ungiu-Te com óleo de alegria, mais que aos Teus companheiros (Sl 44,7s)." Hb 1,9
    E só Jesus, o Ungido de Deus, pode prometer-nos o eterno banquete, como percebeu alguém que com Ele sentou-se à mesa na casa de um dos chefes dos fariseus: "Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus!" Lc 14,15
    São João Evangelista, nas visões do Apocalipse, ouviu de um anjo esta confirmação: "Felizes os convidados para a ceia das Núpcias do Cordeiro." Ap 19,9
    Nós temos, porém, a antecipação desse banquete na Comunhão Eucarística, durante a Santa Missa. Esse alimento é própria eterna alegria, como versa o salmista: "Servi ao Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em Sua presença." Sl 99,2
    E é Jesus Quem nos garante a felicidade de acreditar, como Ele disse a São Tomé: "Felizes aqueles que creem sem ter visto!" Jo 20,29
    É o que atesta São Pedro, afirmando que assim se desfruta de Sua Glória, e mais tarde da definitiva Redenção: "Este Jesus vós amais sem O terdes visto! Credes n'Ele sem O verdes ainda! E isto é para vós a fonte de uma inefável e gloriosa alegria, porque vós estais certos de obter, ao preço de vossa fé, a Salvação de vossas almas." 1 Pd 1,8-9
    Pois foi pensando em Seu povo que Deus nos mandou Seu Filho, como rezou Simeão durante a Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém: "... para a glória de Vosso povo de Israel." Lc 2,32
    E em nome deste fulgurante projeto, Nosso Salvador rejeitou as tentações do deserto: "Em vista da alegria que Lhe foi proposta, suportou a Cruz, não Se importando com a infâmia, e assentou-Se à direita do trono de Deus." Hb 12,2b
    Nossa glória, pois, é alcançar a santidade, e assim contemplar Sua Glória. São Judas Tadeu diz: "Àquele que é poderoso para preservar-nos de toda queda e apresentar-nos diante de Sua Glória, imaculados e cheios de alegria... " Jd 1,24
    É propriamente participar de Sua Glória, segundo São Paulo: "... nós temo-vos exortado, estimulado, conjurado a comportarde-vos de maneira digna de Deus, que vos chama ao Seu Reino e à Sua Glória." 1 Ts 2,12
    Nesse sentido, Jesus fulmina as ilusões, os elogios e as honrarias meramente mundanas: "Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a Glória que é só de Deus?" Jo 5,44
    Foi exatamente esse o erro dos religiosos judeus, ao rejeitarem Jesus em troca dos cargos que os romanos lhes garantiam. São João Evangelista registrou: "Assim preferiram a glória dos homens àquela que vem de Deus." Jo 12,43
    Para falar da verdadeira Glória, Jesus diz como foi passageira a que viveu Salomão: "E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. Entretanto, eu digo-vos que o próprio Salomão, no auge de sua glória, não se vestiu como um deles. Não vos aflijais, nem digais: 'Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?' Em primeiro lugar, buscai o Reino de Deus e Sua justiça, e todas estas coisas sê-vos-ão dadas em acréscimo." Mt 6,28-29.31.33
    E nem mesmo por um especial dom do Espírito Santo devemos vangloriar-nos, como Ele ensinou: "... não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos porque vossos nomes estejam escritos nos Céus." Lc 10,20
    Peçamos Sua ajuda, portanto, para participar de Seu Reino e alcançar a grande alegria de ver Sua Glória ainda neste mundo. Porque, pouco antes da crucificação, Ele prometeu aos Apóstolos: "Até agora não pedistes nada em Meu Nome. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja perfeita." Jo 16,24

    "Alegrai-nos, ó Pai, com Vossa Luz!"